terça-feira, 7 de abril de 2009

Nina Bellucci Paulino


Minha filha linda! :)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Separações -Domingos Oliveira

O que mais me encanta no filme são os poemas... Lindos!






O imbróglio de "Separações" segue, de modo geral, o esquema de "Quadrilha" (o célebre poema de Drummond): Fulano amava Sicrana, que amava Beltrano etc. Ou melhor: todos amavam e eram amados, só que em momentos diferentes, num doloroso e cômico descompasso.
Impossível resumir esses desencontros. Basta dizer que no centro de tudo está o escritor cinquentão Cabral (interpretado pelo próprio diretor, Domingos Oliveira), que propõe "um tempo" à companheira 20 anos mais jovem, Glorinha (Priscilla Rozenbaum), e a vê apaixonar-se pelo arquiteto Diogo (Fábio Junqueira).
Há ainda outros personagens de várias gerações, perfazendo uma tapeçaria complexa que lembra os filmes "corais" de Woody Allen, como "Hannah e Suas Irmãs".
Também por seu humor amargo e auto-irônico, repleto de referências intelectuais, a aproximação de Domingos Oliveira a Woody Allen é inevitável. Mas tanto em "Amores", seu filme anterior, como em "Separações", o cineasta brasileiro mostra suas afinidades com outros diretores, como Truffaut e Cassavettes -tudo isso com um inconfundível sotaque carioca.
Num gênero (o da comédia dramática amorosa) dominado pela superficialidade e pelo infantilismo, Oliveira se destaca como uma ave rara desde o clássico "Todas as Mulheres do Mundo" (1967).
Primeiro, porque seus roteiros são adultos, inventivos, cheios de tensão erótica e dramática. Segundo, porque sua direção é ao mesmo tempo leve e consistente.
Oliveira domina como poucos seu instrumental. Sabe o momento de usar uma câmera subjetiva, um plano sequência ou uma montagem descontínua. A abordagem escolhida é a que conduz ao maior rendimento cômico ou dramático de cada cena.
Um bom exemplo é a sequência em que Cabral, bêbado feito um gambá, interpela o amigo que conquistou sua mulher. Uma câmera em movimento trôpego e contínuo dá conta do desespero tragicômico de Cabral e da perplexidade do oponente e das testemunhas.
A "mise-en-scène" de Oliveira assenta-se em grande parte no talento de seus atores, vários deles membros de sua equipe habitual (como os excelentes Ricardo Kosovski e Priscilla Rozenbaum).
Se há uma nota destoante em "Separações", é a interpretação das atrizes mais jovens (Maria Ribeiro e Nanda Rocha), que estão longe do patamar de entrosamento e naturalidade do elenco mais experiente.
Mas é pouco para empanar o brilho de um filme tão prazeroso.


sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Raul Seixas

Seriam apenas fotos... Se não fossem dele...








































quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Luis Fernando Veríssimo

Luis Fernando Verissimo nasceu em 26 de setembro 1936, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Filho do grande escritor Érico Veríssimo, iniciou seus estudos no Instituto Porto Alegre, tendo passado por escolas nos Estados Unidos quando morou lá, em virtude de seu pai ter ido lecionar em uma universidade da Califórnia, por dois anos. Voltou a morar nos EUA quando tinha 16 anos, tendo cursado a Roosevelt High School de Washington, onde também estudou música, sendo até hoje inseparável de seu saxofone.

É casado com Lúcia e tem três filhos.

Jornalista, iniciou sua carreira no jornal Zero Hora, em Porto Alegre, em fins de 1966, onde começou como copydesk mas trabalhou em diversas seções ("editor de frescuras", redator, editor nacional e internacional). Além disso, sobreviveu um tempo como tradutor, no Rio de Janeiro. A partir de 1969, passou a escrever matéria assinada, quando substituiu a coluna do Jockyman, na Zero Hora. Em 1970 mudou-se para o jornal Folha da Manhã, mas voltou ao antigo emprego em 1975, e passou a ser publicado no Rio de Janeiro também. O sucesso de sua coluna garantiu o lançamento, naquele ano, do livro "A Grande Mulher Nua", uma coletânea de seus textos.

Participou também da televisão, criando quadros para o programa "Planeta dos Homens", na Rede Globo e, mais recentemente, fornecendo material para a série "Comédias da Vida Privada", baseada em livro homônimo.

Escritor prolífero, são de sua autoria, dentre outros, O Popular, A Grande Mulher Nua, Amor Brasileiro, publicados pela José Olympio Editora; As Cobras e Outros Bichos, Pega pra Kapput!, Ed Mort em "Procurando o Silva", Ed Mort em "Disneyworld Blues", Ed Mort em "Com a Mão no Milhão", Ed Mort em "A Conexão Nazista", Ed Mort em "O Seqüestro do Zagueiro Central", Ed Mort e Outras Histórias, O Jardim do Diabo, Pai não Entende Nada, Peças Íntimas, O Santinho, Zoeira , Sexo na Cabeça, O Gigolô das Palavras, O Analista de Bagé, A Mão Do Freud, Orgias, As Aventuras da Família Brasil, O Analista de Bagé,O Analista de Bagé em Quadrinhos, Outras do Analista de Bagé, A Velhinha de Taubaté, A Mulher do Silva, O Marido do Doutor Pompeu, publicados pela L&PM Editores, e A Mesa Voadora, pela Editora Globo e Traçando Paris, pela Artes e Ofícios.



Elizabethanos

SHAKESPEARE - Quem sois, que me acordais de um sono tão longo que nas pálpebras pesa a remela?

ELIZABETH - Sou a rainha.

SHAKESPEARE - Elizabeth?

ELIZABETH - Ela.

SHAKESPEARE - Então eu não morri, e quatrocentos anos de túmulo foram o sono de um segundo, e o declínio da Inglaterra o devaneio cruel de um cérebro vagabundo?

ELIZABETH - Não, vos suplico, não erreis na dedução. Sou Elizabeth, sou rainha, mas não sou aquela não. A Inglaterra está mudada, o mundo uma anarquia. Mas, quatrocentos anos depois, ainda vive a monarquia.

SHAKESPEARE - Agora vejo com clareza, sois muito diferente. Uma rainha assim, sei lá, com cara de tia da gente.

ELIZABETH - Mas o reino é o mesmo, a mesma ilha coroada. A mesma raça de reis, e a coroa o mesmo fardo. Só nos falta...

SHAKESPEARE - O quê?

ELIZABETH - Um bardo.

SHAKESPEARE - Entendo! Não quereis meus ossos nem minha carne, não é a ressurreição que minha acena. Quereis meu espírito... e minha pena.

ELIZABETH - Sim, cantai, bardo, como fizestes um dia, as glórias e os feitos, o esplendor e o tutano deste novo tempo - elizabethano.

SHAKESPEARE - A tarefa, confesso, me atrai, embora esteja enferrujado. Ah, rechear outra vez mil folhas com versos de lado a lado! Plenos de sangue e luxúria, de vida, de som e de fúria. Contai-me, rainha, tudo, sem esquecer um pajem: quem fez o que com quem, com que calhordice ou coragem.

ELIZABETH - Bem. Meu tio Eduardo, um romântico...

SHAKESPEARE - Já preparo o cântico... “Matou dezessete sobrinhos e morreu com a mente insana.”

ELIZABETH - Não. Casou com uma americana.

SHAKESPEARE - Esqueci esse. Quem mais? Que heróis? Que vilões? Quem espantou o mundo com sua vida e espantará o inferno com sua morte?

ELIZABETH - Tem Felipe, meu consorte.

SHAKESPEARE - Ah, pressinto um personagem... Conspira, transpira, se esgueira? Queima com a chama terrível do eterno enjeitado?

ELIZABETH - Não, é até meio apagado.

SHAKESPEARE - E os príncipes? Estes inspiram a nação. Qual deles é o guerreiro? Qual o alegre fanfarrão? Algum filósofo? Algum esteta? Pelo menos um mau poeta? Qual o carneiro, qual o lobo?

ELIZABETH - Nem uma coisa nem outra...

SHAKESPEARE - Nessa corte só tem bobo!

ELIZABETH - Esperai. Há um que o povo inspira, e não há quem não agite, dos condados à rua Fleet. Andrew é o seu nome, e tem histórias de sobra.

SHAKESPEARE - E o destino trágico dos príncipes está em toda a minha obra. Ser aquele que o reino ama, e pelo reino quebra a cara. Esse Andrew...

ELIZABETH - Namorou uma pornostar e vai casar com uma Sarah.

SHAKESPEARE - Sim. Humm. Tudo bem. Não repareis, soberana, mas vou voltar a dormir, seja na tumba seja na cama. Dormir, talvez sonhar, tanto faz - desde que eu volte à paz. Tente Coward, Wilde, Shaw, os três juntos ou um só. Pois os tempos são elizabethanos mas não são nada shakespearianos.

Este texto está no livro O marido do dr. Pompeu.





E tudo mudou...

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch
Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
"Problemas de moça" viraram TPM
Confete virou MM
A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental
E o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê...
Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD
A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do "não" não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí
O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bis Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou
em Maria Rita
Gal virou Fênix
Raul e Renato, Cássia e Cazuza, Lennon e Elvis,
Todos anjos
Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz... De tudo.
Inclusive de notar essas diferenças.



segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A vida é mesmo uma inconstância...